Entre o colo e o silêncio: o que a maternidade deixa em nós
- Maria Emília Pimentel
- 11 de mai.
- 2 min de leitura
No Dia das Mães, é comum ver homenagens, flores e palavras bonitas circulando por todos os lados. Mas e quem não tem uma relação fácil com a própria mãe?
E quem é mãe — e se sente exausta, perdida, ou culpada?

Esse dia toca fundo, especialmente pra quem viveu ou ainda vive vínculos complexos. Com afeto e crítica misturados.
Com cuidado que machuca.
Com ausências que nunca foram explicadas.
E que, por isso, deixaram vazios difíceis de nomear.
Algumas mães inspiram. Outras ferem. E há quem conviva com os dois lados na mesma pessoa — a mãe que acolhe e a que cobra, a que abraça e a que silencia.
Nem toda mãe é fonte de segurança. Nem toda mãe conseguiu amar como você precisava. E às vezes, reconhecer isso já é um luto em si — o luto pela mãe que você queria ter tido. Há também as mães que se doam demais. Que se apagam devagar, enquanto dizem estar “dando o seu melhor”. Mães que confundem amor com sacrifício constante. Que esquecem de si pra caber nas demandas dos outros — como se o próprio valor dependesse disso.
E também existem as mães que tentam se preservar. Que colocam limites e, por isso, enfrentam olhares de julgamento. Que carregam culpa por cada escolha que parece egoísmo.
Não existe uma forma certa de ser mãe.
Mas existe uma linha delicada entre cuidar e controlar.
Entre se doar e se perder.
Entre estar presente e esquecer que você também é alguém —além de mãe.
Talvez hoje você esteja comemorando, ou talvez esteja lembrando de uma relação que te exigiu demais. Talvez você seja mãe e esteja cansada de dar conta de tudo. Seja qual for sua experiência, espero que você dê a ela espaço. Que você encontre acolhimento, mesmo que não venha desse lugar materno. E que, se você é quem cuida, também lembre de se cuidar. Porque o seu bem-estar também educa. Também ensina. Também transforma.
Por fim, toda mãe é só uma pessoa.
Tentando viver como sabe.
Tentando amar com o que teve.
Tentando cuidar do jeito que consegue.
Nem sempre da melhor forma.
Mas quase sempre — da forma possível.
Com amor,
Emília





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