“Uma Família Perfeita”: o que a série desperta — e o que a Terapia do Esquema pode nos ajudar a compreender
- Maria Emília Pimentel
- 20 de abr.
- 2 min de leitura

Baseada em uma história real que ganhou repercussão mundial, Uma Família Perfeita (Disney+) é uma minissérie dramática estrelada por Ellen Pompeo que, à primeira vista, parece apenas contar um caso polêmico: um casal adota uma menina supostamente ucraniana de sete anos com nanismo — até que começam a desconfiar que ela seja, na verdade, uma mulher adulta com intenções perigosas.
A trama mistura o que parece ficção com os elementos mais desconfortáveis da realidade: desconfiança, abandono, manipulação, distorção da verdade e uma batalha jurídica intensa. Mas talvez o que realmente prenda quem assiste não seja o escândalo em si — e sim o que essa história desperta dentro da gente.
O que você sentiu assistindo?
É possível que, em algum momento, você tenha sentido raiva, compaixão, confusão ou até vergonha de se identificar com algum personagem. Talvez tenha se perguntado:
“Quem está falando a verdade?”
“Será que eu também faria isso?”
“E se fosse comigo?”
Essas sensações, por mais desconfortáveis que sejam, são valiosas.
Elas não dizem apenas sobre a série.
Dizem sobre nós.
Como a Terapia do Esquema pode nos ajudar a compreender essas reações?
A Terapia do Esquema entende que todos nós desenvolvemos padrões emocionais — os chamados esquemas — a partir das experiências que vivemos, especialmente na infância e adolescência. Esses esquemas moldam como sentimos, reagimos e nos relacionamos — mesmo que a gente não perceba.
Em Uma Família Perfeita, alguns temas centrais ativam esses esquemas profundamente: Esquema de abandono – A sensação de que ninguém vai ficar, de que o outro vai nos deixar ou nos enganar a qualquer momento.
Desconfiança/abuso – A expectativa constante de que o outro vai nos ferir, manipular ou explorar.
Controle/hipervigilância – A tentativa de prever tudo para não ser pego de surpresa, mesmo que isso nos esgote emocionalmente.
Isolamento social – O sentimento de não pertencer a lugar algum, de ser sempre o “estranho na sala”.
A série não precisa "ensinar" nada sobre isso — ela apenas mostra, e nos faz sentir. E ao sentir, algo em nós reconhece.

Família, sim. Mas nada perfeita.
O título da série é provocador.Nos vende a imagem de um núcleo familiar exemplar, mas nos mostra o oposto. E talvez o mais incômodo seja perceber que muitos de nós também já tentamos sustentar uma família perfeita — mesmo quando os vínculos doíam.
Isso não é sobre culpa. É sobre história emocional. Sobre padrões herdados, silêncios compartilhados, emoções que não couberam em lugar nenhum. E, principalmente, sobre o que ainda podemos transformar.
Reflexão final
Se ao assistir à série algo mexeu com você — uma raiva repentina, uma identificação desconfortável ou até um vazio — vale se perguntar:
“O que em mim essa história tocou?”
“Que parte da minha história foi despertada aqui?”
A Terapia do Esquema é um convite para reconhecer essas partes, dar nome ao que antes era só incômodo, e construir novas formas de se cuidar emocionalmente.
Ou me escreva no Instagram — às vezes, a mudança começa com uma pergunta.
Com amor,
Emília


Adorei o blog e o conteúdo! parabéns ‘